Por: Evanthia Balla*
Com o início da Primavera Árabe em 2011, mas sobretudo com a guerra na Líbia e depois na Síria, o fluxo de refugiados que tentou entrar na União por via marítima, em embarcações precárias e com condições sub-humanas, aumentou dramaticamente, originando tragédias sem precedentes no mar Mediterrâneo. De acordo com a Organização Internacional para as Migrações, mais de 20 mil pessoas morreram no mar nas últimas duas décadas.
Hoje, numa altura que o próprio continente europeu enfrenta a sua pior crise político-financeira, é impossível que a UE consiga acolher todos os imigrantes que tentam entrar diariamente no seu território, distribui-los pelos Estados–membros de forma justa e equitativa, integrá-los adequadamente, e oferecer-lhes domicílio, emprego e dignas condições de vida. Pondo a atual situação europeia em perspectiva, apenas na Grécia estão cerca de 1,38 milhões de pessoas no desemprego e cerca de 14% da população a viver na pobreza. Este mesmo país tem sido forçado a acolher diariamente cerca de 2.000 imigrantes, com toda a pressão socioecónomica que este êxodo de massas comanda no país de acolhimento.
O atual caos migratório tem dificultado o registo e controlo fronteiriço provocando uma maior desunião entre os Estados-membros da UE, e colocando em risco os próprios triunfos do projeto europeu, como é o caso da livre circulação de pessoas e as suas subjacentes vantagens económico-sociais.
O chefe do governo austríaco afirmou recentemente que a Frontex deve salvar as pessoas que fogem para a Grécia, mas depois deve reenviá-las para a Turquia. Por sua vez, a Alemanha, a Turquia e a Grécia pedem à NATO para vigiar o mar Egeu, impedindo o tráfico de pessoas entre a Turquia e a Grécia, pedido esse que foi aceite rapidamente pela NATO.
Contudo, e apesar dos vários esforços realizados a nível nacional, europeu e internacional, até agora nenhuma solução tem sido capaz de resolver eficazmente o problema da crise migratória europeia.
Na Síria, a estratégia do ocidente, movida por puros interesses económico-políticos, tem-se revelado desastrosa, limitando-se a apoiar os rebeldes com fornecimento de armas e treino profissional, realizar ataques aéreos dispersos – focados principalmente contra o ISIS, e promover iniciativas diplomáticas fracas e inconsequentes a favor da resolução da crise, ao mesmo tempo que revelam uma enorme inépcia e impotência perante a conduta agressiva da Rússia na região e as controversas movimentações do Irão.
A única solução para o drama atual passa por uma verdadeira alteração das politicas ocidentais face aos países de origem: esforços perseverantes e eficazes para acabar com a guerra, fomento do desenvolvimento económico e promoção de iniciativas concretas a favor da paz e da tolerância religiosa e étnica nestes países.
Resolver o problema dos refugiados não é apenas um ato de caridade, é sobretudo uma questão de defesa dos direitos humanos tanto dos refugiados como dos próprios cidadãos europeus. É uma questão de sinceridade e de coragem política.
* Evanthia Balla é Professora Universitária
Fonte: O Jornal Econômico - OJE (Portugal)
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