II COLÓQUIO SOBRE TRÁFICO DE SERES HUMANOS
19 de Agosto - Goiás - Brasil
O Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de
Goiás (NETP-GO) realizou, nesta quinta-feira (19), o II Colóquio sobre
Tráfico de Seres Humanos, que terá foco no Tráfico para fins de
remoção de órgãos e Tráfico para fins de trabalho escravo. O evento
acontece no auditório da sede do Ministério Público do estado e reúne
especialistas de todo o país.
"Quando se fala em tráfico de pessoas, pensa-se logo
em exploração sexual, mas, é importante ressaltar que existem outras
modalidades tão graves quanto essa, como é o caso do tráfico de
órgãos, tráfico interno e tráfico para fins de trabalho escravo",
explicou o coordenador do NETP-GO, Saulo de Castro Bezerra.
Para esclarecer a diferença de cada modalidade é que
o Núcleo decidiu dividir o evento em duas edições. A primeira edição
do Colóquio sobre tráfico de pessoas aconteceu em maio deste ano e
abordou a temática da exploração sexual. Agora, este segundo Colóquio
"é para diferenciar e evidenciar a existência destes tipos de
tráfico", completou.
Para o debate sobre tráfico de pessoas com fins de
remoção de órgãos, ele disse que foram convidados especialistas que
darão um aspecto mais real sobre esse assunto, já que muitos vêem a
questão apenas como uma fantasia, e não como realidade. "Queremos
discutir sobre pessoas que compram órgãos de outros, sobre as pessoas
que estão em necessidade (econômica) e vendem seus órgãos",
esclareceu.
Segundo Saulo, durante todo o ano de 2009, 327
pessoas que trabalhavam em condições análogas à escravidão, foram
resgatadas em Goiás. "Mas, apenas no primeiro semestre deste ano, o
número de resgate já foi bem superior ao do ano passado", informou
ele, refletindo sobre a aplicação das políticas de repressão à esta
forma de crime.
"Que legislação é essa que permite que um cidadão
escravize outro, use dos instrumentos legais para se safar, continua
com sua fazenda e fica tudo bem?", questionou. Ele comentou também
sobre a dificuldade em dar assistência aos trabalhadores, vítimas da
exploração laboral, que são resgatados, porque não existe um local de
abrigo para atendê-los.
Saulo acrescentou que outro objetivo do evento é
produzir material que sirva de base para a adoção de medidas de
enfrentamento em todo o país, pois, a falta de políticas nacionais
para tratar do tráfico de seres humanos, tem dificultado o
enfrentamento e prevenção do crime. "Tentamos fazer um trabalho em
nível nacional e não apenas ações pontuais. A articulação seria muito
interessante", disse.
Um exemplo da falta de políticas nacionais, segundo
Saulo, acontece quando é registrada a presença de garotas de estados
do Nordeste, que são exploradas sexualmente em Goiás, e eles não
conseguem entrar em contato com as autoridades destes estados de
origem para resolver a questão.
A partir do conteúdo dos colóquios, que estão sendo
gravados, serão elaboradas cartilhas, revistas, DVDs e outras mídias,
a fim de servir de subsídio para as políticas e os programas de
enfrentamento e prevenção ao tráfico e atendimento às vítimas. A
revista já deve ser lançada em novembro deste ano.
Fonte: Adital